A cetoacidose diabética é uma emergência médica que pode acontecer a qualquer momento com quem vive com diabetes, principalmente o tipo 1. No entanto, pessoas com diabetes tipo 2 também não estão totalmente livres desse risco, especialmente em situações como infecções, uso incorreto da insulina ou durante o uso de certas medicações. Esse quadro grave pode evoluir rapidamente, por isso é essencial conhecer os sintomas, entender as causas e saber como agir.
O que é a cetoacidose diabética?
É uma complicação aguda do diabetes, caracterizada pelo aumento exagerado dos níveis de glicose no sangue, junto com a produção elevada de cetonas, como substâncias tóxicas e ácidas que se acumulam no organismo. Segundo a endocrinologista Andressa Heimbecher, da Sociedade brasileira de Diabetes (SBD), essa condição altera perigosamente o equilíbrio do sangue e, se não tratada a tempo, pode levar ao coma e até à morte.
A cetoacidose diabética surge quando há falta de insulina no organismo. Sem insulina suficiente, o açúcar fica acumulado no sangue, e o corpo, sem outra saída, começa a usar a gordura como fonte de energia. Nesse processo, surgem as cetonas, que se espalham pelo sangue e provocam um desequilíbrio perigoso no pH (ácido) do corpo.
Essa situação geralmente acontece em pessoas com diabetes tipo 1, já que o organismo delas não produz insulina. Porém, também pode ocorrer em pacientes com diabetes tipo 2, especialmente em casos de infecção, desidratação, uso inadequado da insulina ou em episódios de estresse físico intenso.
Como o corpo avisa que algo está errado?
Os sinais da cetoacidose diabética aparecem de forma intensa e muitas vezes confundem o paciente, já que se parecem com sintomas de outras doenças. Mas a atenção aos detalhes pode salvar vidas. Veja os principais sintomas listados pelo endocrinologista André Vianna, da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD):
- Sede excessiva e muita urina;
- Fraqueza, náuseas e vômitos;
- Dor abdominal ou sensação de estômago sensível;
- Respiração rápida e ofegante;
- Hálito com cheiro de fruta podre;
- Sonolência, confusão e até desmaios;
- Febre, pressão baixa e desidratação;
- Em cerca de 10% dos casos, pode levar ao coma;
Se esses sinais aparecerem, não espere! Vá imediatamente ao pronto-socorro. O tempo é decisivo no tratamento da cetoacidose diabética.
O que pode causar esse desequilíbrio para a cetoacidose diabética?
Diversas situações podem desencadear uma crise de cetoacidose diabética. As mais comuns incluem:
- Esquecer ou aplicar incorretamente a insulina;
- Problemas com a bomba de insulina;
- Infecções como pneumonia, infecção urinária ou gripe;
- Doenças mais graves, como infarto ou hemorragias;
- Uso de medicamentos como corticoides, antipsicóticos e outros;
- Uso de álcool ou drogas como cocaína;
- Desidratação severa ou ingestão exagerada de líquidos com açúcar;
Cada um desses fatores pode agravar o quadro de quem tem diabetes e abrir caminho para a cetoacidose diabética se instalar.
Como prevenir a cetoacidose diabética?
A boa notícia é que, com cuidados simples e contínuos, dá para evitar a cetoacidose diabética. A prevenção começa com o controle da glicemia e o uso correto da insulina, além de alguns hábitos diários que fazem toda a diferença. Veja só:
- Aplicar corretamente a insulina, seguindo as doses e horários indicados pelo médico
- Medir a glicose regularmente com o glicosímetro
- Manter acompanhamento médico frequente
- Evitar alimentos ricos em açúcar ou de alto índice glicêmico
- Beber bastante água e evitar refrigerantes ou sucos artificiais
- Ficar atento aos sinais do corpo, principalmente em períodos de doença ou estresse
Além disso, familiares e amigos de pessoas com diabetes também devem conhecer os sintomas da cetoacidose diabética, pois em muitos casos é alguém próximo que percebe que algo não vai bem.
Uma emergência que não pode esperar
A cetoacidose diabética é uma complicação grave, mas com informação e cuidado, é possível prevenir e agir rapidamente. Saber reconhecer os sinais e procurar atendimento médico imediato pode fazer toda a diferença. O diabetes é uma condição que exige atenção diária, mas com responsabilidade e acompanhamento, a vida pode seguir com saúde e segurança.