Quando se fala em controlar o diabetes, a maioria das pessoas pensa logo em alimentação, insulina e exames de sangue. No entanto, há uma parte do corpo que também precisa de atenção redobrada: a boca. Isso mesmo! A saúde bucal pode influenciar os níveis de glicose no sangue. E mais: algumas doenças na boca são mais comuns e mais graves em quem tem diabetes, especialmente quando os níveis de açúcar não estão bem controlados.
Por isso, cuidar dos dentes e das gengivas deve ser parte do tratamento desde o início. Segundo orientações da Sociedade Brasileira de Diabetes, todo paciente recém-diagnosticado já deve ser encaminhado para um exame odontológico completo. E não é só no começo: esse acompanhamento precisa ser contínuo.
O que acontece na boca afeta o resto do corpo
Uma das complicações bucais mais preocupantes é a periodontite. Ela é uma inflamação mais profunda e grave que afeta os tecidos que sustentam os dentes. Se não for tratada, pode causar a perda dentária. E pior: a periodontite eleva a glicemia, dificultando o controle do diabetes. Ou seja, a inflamação na boca pode virar um problema em todo o corpo.
Além disso, essa condição aumenta o risco de complicações como retinopatia, doença renal, neuropatia e problemas no coração. A boa notícia? Quando tratada corretamente, a periodontite ajuda a baixar a hemoglobina glicada, o que representa uma melhora real no controle do diabetes.
Outros problemas bucais comuns em quem tem diabetes
Além da periodontite, pessoas com diabetes, principalmente aquelas fora da meta glicêmica, estão mais expostas a uma série de problemas bucais. Veja os principais:
- Cáries mais graves
A famosa cárie pode evoluir mais rápido em pessoas com diabetes. E se não for tratada logo, pode gerar infecções sérias, precisar de canal ou até extração.
- Perda de dentes
Quem tem diabetes descompensado corre mais risco de perder dentes. E isso não é só um problema estético. Prejudica a mastigação, afeta a fala e pode atrapalhar a alimentação saudável. Afinal, alimentos macios costumam ter mais açúcar e gordura, o que dificulta ainda mais o controle da glicose.
- Dentes fora de posição (más-oclusões)
Dentes tortos dificultam a mastigação, a fala e a higiene. Crianças com diabetes, por exemplo, podem ter uma erupção dentária acelerada. E, durante o uso de aparelho, se não houver uma higiene impecável, a gengiva pode inflamar e o tratamento ortodôntico pode ser prejudicado.
Implantes, cirurgias e outros cuidados para quem tem diabetes
Pessoas com diabetes podem, sim, fazer implantes e outras cirurgias bucais, desde que estejam com a glicemia sob controle. Caso contrário, há mais risco de infecções e cicatrização lenta. Além disso, existe uma condição chamada doença peri-implantar, que afeta os tecidos ao redor do implante dentário. Se não houver cuidado, pode causar inflamações e perda óssea.
Pessoas com diabetes também devem ficar atentas a:
- Boca seca (hipossalivação): reduz a saliva, altera o paladar e favorece outras doenças bucais;
- Mau hálito (halitose): comum quando há alta concentração de glicose ou corpos cetônicos no sangue;
- Candidíase: infecção causada por fungos, mais frequente quando há baixa imunidade e boca seca;
- Gengivas sangrando, inchadas ou doloridas, dentes moles, gosto estranho na boca ou sensação de dentes mais longos: esses são sinais claros de que algo não vai bem.
Sorriso também precisa de acompanhamento em quem convive com diabetes
Assim como se faz o exame de sangue para medir a glicemia, também é preciso marcar consultas periódicas com o dentista. A prevenção faz toda a diferença. Além disso, uma boca saudável melhora a mastigação, o bem-estar e até a autoestima. O que, sem dúvida, colabora com o controle do diabetes no dia a dia.
Manter a escovação em dia, usar fio dental e visitar o dentista regularmente não é apenas uma questão estética. É uma parte essencial do cuidado com a saúde.