Veto de Lula ao reconhecimento do diabetes tipo 1 como deficiência gera reações de entidades e parlamentares

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O veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Projeto de Lei 2687/2022, que propunha reconhecer o diabetes tipo 1 (DM1) como deficiência para todos os efeitos legais, provocou fortes reações entre entidades de apoio às pessoas com diabetes e parlamentares. A decisão, publicada no Diário Oficial da União, é justificada por questões jurídicas e econômicas, mas tem sido amplamente criticada por defensores da proposta, que consideram o projeto um avanço necessário para garantir direitos à população afetada pela condição. Nas redes sociais, pessoas com a condição e familiares criticam o veto.

Críticas de entidades e parlamentares

Para o médico endocrinologista Ronaldo Pineda Wieselberg, presidente da ADJ Diabetes Brasil, o veto é um retrocesso nos esforços para garantir os direitos das pessoas com diabetes. Ele reforçou a importância da mobilização para reverter a decisão.

“Esse é um momento em que reforçamos a luta contínua por todos os direitos das pessoas com diabetes. Precisamos garantir que as necessidades de quem vive com a condição sejam plenamente atendidas, seja por meio de políticas públicas, acesso a tratamentos ou inclusão social. Seguiremos mobilizados, trabalhando para que cada pessoa com diabetes no Brasil tenha acesso aos direitos que lhes são devidos”, afirmou.

Já o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), relator do projeto no Senado, lamentou profundamente a decisão do presidente Lula. Para ele, o veto desconsidera a importância do PL 2687 para quem vive com diabetes tipo 1.

“O presidente Lula vetou o projeto aprovado pelo Congresso que equipara pessoas com diabetes tipo 1 a PCD. É lamentável que o governo escolha fazer economia burra às custas de quem mais precisa. Vamos agora trabalhar pela derrubada do veto, pois é um projeto justo e necessário”, declarou o parlamentar.

Justificativas do veto presidencial

Na mensagem enviada ao Senado, o presidente Lula justificou a decisão com base em pareceres técnicos do Ministério da Fazenda, do Ministério do Planejamento e Orçamento, do Ministério da Saúde e da Advocacia-Geral da União. O governo apontou que o projeto desrespeita dispositivos constitucionais e a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, além de não apresentar uma estimativa de impacto financeiro ou indicar fontes de custeio para os benefícios previstos.

Entre os principais argumentos apresentados estão:

1. Conflito com a definição de deficiência: O governo afirma que o PL 2687 desconsidera a interação entre a pessoa e as barreiras sociais, fundamental para a caracterização de deficiência de acordo com a Convenção Internacional. A proposta teria focado exclusivamente na condição médica.