Verão e diabetes: Como o calor influencia no tratamento

Tratamento

Maurílio Goeldner

Repórter e editor do portal Um Diabético. Escreve sobre saúde desde os tempos da faculdade de jornalismo. Para sugerir uma reportagem: redacao@umdiabetico.com.br

As altas temperaturas podem ter influência direta no tratamento do diabetes. Agora, com a chegada do verão, cuidados extras podem prevenir complicações. “As altas temperaturas induzem mudanças na prática de exercícios físicos, trazem maior tendência à desidratação e causam alterações na absorção da insulina. Em situações particulares, como nos casos de pessoas com uma potencial complicação do diabetes chamada de neuropatia autonômica, pode haver dificuldade no controle da temperatura corporal”, alerta o endocrinologista Wellington Santana da Silva Júnior, professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Wellington Santana da Silva Júnior é endocrinologista e metabologista, professor adjunto da disciplina de Endocrinologia na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e doutor em Ciências pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Outra preocupação está relacionada à eficácia dos remédios utilizados. Todos os medicamentos para o diabetes devem ser conservados sob temperatura adequada, conforme especificação de cada fabricante. Os injetáveis como insulinas e agonistas de receptor de GLP-1 podem ser conservados sob temperaturas abaixo de 30° por períodos que variam de 4 a 8 semanas, a depender de cada produto. “Nas situações de calor intenso, pode haver alteração desses produtos e perda de eficácia, o que pode ser evitado com a conservação em geladeira. Usuários de bomba de insulina também devem estar atentos ao aspecto da insulina no reservatório da bomba e, em caso de qualquer alteração, a insulina deverá ser substituída. Vale lembrar que a insulina asparte mostra-se mais termoestável do que as outras insulinas análogas rápidas, devendo ser considerada como opção preferencial nesse cenário”, lembra o médico que também explica que o calor pode alterar o fluxo sanguíneo para a pele e outras regiões do corpo, implicando em um potencial risco de modificação da absorção da insulina: “Embora isso seja descrito na literatura médica, é difícil mensurar esse efeito na prática. Na dúvida, o paciente deve ser orientado a checar a glicemia com mais frequência no verão”.

Exposição solar e hidratação

Além dos cuidados gerais de evitar a exposição solar nos horários de pico (entre as 10h e as 16h) e de utilizar o protetor solar, as pessoas com diabetes devem ter cuidado redobrado com a hidratação. “Tanto o diabetes descompensado quanto o uso de medicamentos para o diabetes tipo 2 conhecidos como gliflozinas podem levar à glicosúria, ou seja, à perda de glicose (e água) através da urina, favorecendo a desidratação. Além disso, vale ressaltar que a hidratação deve ocorrer preferencialmente com água, uma vez que água de coco, sucos de fruta e soluções isotônicas têm impacto na glicemia. Importante reforçar também que a desidratação pode ser precipitada pela ingestão de álcool; portanto, os cuidados com a hidratação devem ser ainda maiores nesse contexto”, informa o endocrinologista.

Dieta ideal