As bombas automáticas de insulina para o tratamento da diabetes tipo 1 passarão a estar disponíveis em farmácias comunitárias de Portugal nos próximos dias, após a conclusão dos ajustes nos sistemas informáticos e logísticos necessários para garantir sua distribuição aos pacientes. A novidade foi confirmada por Ema Paulino, presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), que garantiu que o processo estará plenamente operacional dentro de uma a duas semanas.
Maior acesso e agilidade no tratamento
Até então, as bombas de insulina eram distribuídas exclusivamente através dos centros de tratamento, um sistema que frequentemente resultava em atrasos na entrega e dificuldades no acesso. Com a nova portaria do Ministério da Saúde, publicada em 21 de janeiro de 2025, os dispositivos vão passar a estar disponíveis diretamente nas farmácias comunitárias, promovendo maior rapidez e proximidade para os pacientes que necessitam desse tratamento.
Essa medida representa um grande avanço no acesso às bombas automáticas de insulina, pois permite que os pacientes retirem o dispositivo em farmácias perto de suas residências, em vez de depender exclusivamente de hospitais e centros especializados. Esse modelo descentralizado reduz burocracias e melhora a adesão ao tratamento.
Segundo Ema Paulino, a implementação da medida exigiu um extenso trabalho de adaptação, incluindo a atribuição de códigos informáticos para cada bomba e seus consumíveis, bem como a reorganização da cadeia logística envolvendo indústria, distribuidores e farmácias. Além disso, foi necessário ajustar o sistema de prescrição médica, garantindo que apenas especialistas em medicina interna, endocrinologia e pediatria possam prescrever os dispositivos.
Custos e comparticipação
Os dispositivos abrangidos pelo novo regime serão comparticipados integralmente pelo Estado para os beneficiários do Serviço Nacional de Saúde de Portugal (SNS, equivalente ao SUS no Brasil) e distribuídos através das farmácias comunitárias. Essa iniciativa faz parte do programa integrado de tratamento da diabetes tipo 1, que prevê a ampliação gradual da distribuição até 2026.
Essa abordagem difere de outros países, como Espanha, França e Reino Unido, onde o acesso às bombas de insulina ainda depende, em grande parte, de hospitais e clínicas especializadas. Portugal se destaca ao oferecer um modelo descentralizado e rápido, eliminando barreiras financeiras e logísticas para os pacientes.
Impacto positivo na qualidade de vida
A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), que vinha reivindicando essa mudança há anos, destaca os benefícios das bombas automáticas de insulina. Esses dispositivos possibilitam um controle mais preciso da glicemia, reduzindo em 80% a necessidade de picadas nos dedos e em 95% o número de injeções anuais necessárias para os pacientes.