População carente é a que mais morre por diabetes no Brasil, revela estudo

Tratamento

Maurílio Goeldner

Repórter e editor do portal Um Diabético. Escreve sobre saúde desde os tempos da faculdade de jornalismo. Para sugerir uma reportagem: redacao@umdiabetico.com.br

A mortalidade por diabetes está fortemente associada à desigualdade social, com o impacto de fatores como concentração de renda e baixa escolaridade no número de mortes pela doença. É o que informa a Agência Bori que teve acesso a uma pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (Uece) publicada na Revista Latino-Americana de Enfermagem.

Segundo os autores, este é o primeiro estudo a associar diretamente taxas e indicadores de desigualdade social à mortalidade pela doença, considerando todos os municípios do Brasil. Foram analisados dados de 601 mil óbitos relacionados com diabetes mellitus, doença crônica que afeta a forma como o corpo processa o açúcar do sangue – de 2010 a 2020, conforme registros do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A taxa de mortalidade por diabetes de brasileiros com até três anos de estudo foi duas vezes maior do que a taxa de mortalidade geral, com 59,53 mortes a cada 100 mil habitantes.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes o estudo revela um dado triste. “É uma luta constante na SBD e a gente enfoca a importância e a necessidade de ir cada vez mais longe com educação. Precisamos de educação para os profissionais de saúde e para as pessoas envolvidas nesse cenário: de pacientes às famílias e principalmente as escolas”, opina Levimar Araújo.

O Diabetes Mellitus (DM) e suas complicações estão entre os problemas de saúde pública mundial, representando uma das principais causas de óbitos precoces em pessoas com idade superior a 60 anos. Dados da Federação Internacional de Diabetes exibem um contingente equivalente a 6,7 milhões de mortes causadas pela doença no ano de 2021, atingindo a marca de uma morte a cada cinco segundos. O Brasil é o país que abriga o maior número de pessoas com a doença na América Latina e o quinto no mundo.

O estudo mostra que pessoas pardas também estão entre as mais afetadas, com 36,16 mortes a cada 100 mil habitantes. Entre as regiões com as maiores taxas de mortalidade, se destacam o Nordeste (34,4/100.000 hab.) e o Sul (31,4/100.000 hab.).

Foram registradas mais mortes em mulheres do que em homens – 32 contra 27 mortes por 100 mil habitantes. Além disso, locais com cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF) apresentaram taxas de mortalidade mais altas. “Para diminuir a vulnerabilidade social e a desigualdade, é necessário dar mais acesso a saúde e educação às populações mais vulneráveis. É difícil que a pessoa procure o médico se não teve acesso a uma educação para compreender que precisa buscar atendimento, ou para seguir dieta específica para sua doença”, analisa Thiago Santos Garces pesquisador e autor do estudo.

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