Os riscos da glicose alta para a visão  

Tratamento

Maurílio Goeldner, da Redação Um Diabético

Com a saúde dos olhos não se brinca. As pessoas com diabetes conhecem e ouvem essa frase muitas vezes. E nunca é demais alertar: o diabetes é a principal causa de cegueira de pessoas em idade produtiva em todo o mundo, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF).

A retinopatia é o problema mais comum. Uma a cada três pessoa com diabetes tipo 1 desenvolvem essa complicação. No caso das pessoas com diabetes tipo 2 a estatística é ainda mais dura: estima-se que mais da metade das pessoas DM 2 desenvolvam retinopatia diabética em algum momento de suas vidas. A IDF ainda relata que a retinopatia diabética é responsável por 2,6% de todos os casos de cegueira globalmente.

Camilla Fernandes perdeu a visão aos 20 anos devido à falta de cuidado com o diabetes; Hoje é psicóloga e dançarina

A psicóloga Camilla Correa Fernandes, que perdeu a visão aos 20 anos de idade devido à falta de cuidado com o diabetes. Ela tinha acabado de deixar a casa dos pais para cursar a faculdade de Engenharia Química, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. “Descobri o diabetes aos 9 anos de idade e quando criança era mais fácil de controlar, porque o pai e a mãe ficavam no pé. Daí quando me mudei pra Ribeirão eu morava em república e tinha um transtorno alimentar. Eu deixava de tomar insulina pra emagrecer mais rápido”, lembra ela. Esse transtorno tem nome: Diabulimia e se caracteriza pela preocupação excessiva com o peso corporal. A pessoa reduz ou deixa de tomar a insulina, o que aumenta significativamente o risco de complicações oculares, além de outras consequências graves para a saúde.

Hemoglobina Glicada em 16%

Camilla lembra que sem ajuda da insulina o organismo dela dava sinais importantes. Numa das vezes que fez o exame de hemoglobina glicada, aquele que avalia os níveis médios da glicose sanguínea nem períodos maiores de tempo, o resultado atingiu 16%. Pra se ter uma ideia se considera que a pessoa tem diabetes quando a hemoglobina glicada é maior ou igual a 6,5%. “Eu sou insulino-dependente, mas nesse período eu não tomava nada de insulina, depois de 3 anos fazendo essa loucura acabei perdendo a visão”, admite a psicóloga que hoje se arrepende dessa postura: “Quando eu fazia a hemoglobina glicada dava alta né, meus pais pegavam no meu pé, de longe, ai eu ajustava a dieta, fazia um regime, o exame melhorava e eu fazia tudo de novo”.

Exames e tratamento

Pessoas com diabetes devem ser examinadas rotineiramente e pelo oftalmologista e precisam realizar exames oculares regularmente. O teste inicial deve ser imediatamente após o diagnóstico e os exames de rotina a cada 1 ou 2 anos, mesmo sem sintomas. Se a retinopatia for detectada, pode ser necessário aumentar a frequência dos exames, dependendo da gravidade e o nível de controle dos fatores de risco.

Os exames recomendados incluem a medida da pressão intraocular, dilatação das pupilas para avaliar a retina e exames específicos para detectar problemas oculares diabéticos. O tratamento das complicações oculares do diabetes depende do problema específico. Opções de tratamento podem incluir o uso de medicamentos, procedimentos cirúrgicos, laserterapia e terapia intravítrea. O objetivo é controlar a progressão da condição e preservar a visão.

Outros problemas relacionados à visão:

Catarata: Pessoas com diabetes têm duas a cinco vezes mais probabilidade de desenvolver catarata em comparação com pessoas sem diabetes. Estima-se que a catarata seja responsável por 2,2% dos casos de cegueira relacionada ao diabetes.