Opinião: como a tecnologia pode diminuir impacto no SUS

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No artigo “A tecnologia como aliada no cuidado com a saúde pode diminuir os impactos no Sistema Único de Saúde”, Claudia Labate, fundadora da Glic, traz informações e exemplos importantes de como o acompanhamento diário de pessoas com diabetes beneficia os pacientes, mas também as redes públicas e privadas de saúde.

A tecnologia como aliada no cuidado com a saúde pode diminuir os impactos no Sistema Único de Saúde

Por Claudia Labate

Em setembro de 2022, o Sistema Único de Saúde (SUS) completou 32 anos atendendo exclusivamente mais de 150 milhões de pessoas que vivem no Brasil para tratamento e acompanhamento de saúde, de acordo com dados de setembro de 2021 do Ministério da Saúde. Mas é fato que a quantidade de pessoas que dependem do sistema pressiona o SUS e faz com que ele opere no limite de sua capacidade técnica, financeira e com recursos humanos cada vez mais escassos há décadas.

Por outro lado, a saúde suplementar encerrou 2022 com 50,5 milhões de beneficiários em planos de assistência médica, mantendo crescimento com maior número desde dezembro de 2014. O resultado operacional negativo de R$ 11,5 bilhões no mesmo ano vem acendendo um alerta para o aumento dos planos de saúde, o que pode forçar o cancelamento de contratos por parte dos pacientes levando mais pessoas a depender do atendimento via SUS.

Nesse cenário desafiador surgem oportunidades para que healthtechs ofereçam soluções inovadoras em apoio ao sistema global de saúde. A Glic, por exemplo, foi criada em 2015 e é uma plataforma 100% gratuita para pessoas com diabetes realizarem o manejo da condição crônica, a exemplo da medição dos valores de glicemia, alimentos consumidos, entre outras funcionalidades.

Ao longo destes últimos anos, com base em estudos que realizamos com os nossos usuários, foi possível analisar o impacto positivo proporcionado pelas nossas ferramentas tecnológicas. Os usuários da plataforma Glic experimentaram uma redução significativa de 60% nas complicações microvasculares, 68% menos amputações e 26% menos infartos ao terem um manejo adequado da condição crônica com o uso do app e as orientações das educadoras em saúde.

Por ser uma condição crônica, as pessoas com diabetes precisam ter papel ativo para garantir a eficácia do próprio tratamento. Com a ingestão de alimentos contendo açúcares e outros nutrientes, ocorre o aumento dos níveis de glicemia, e os indivíduos necessitam controlá-los via administração de insulina ou medicamentos, a fim de regular o funcionamento do organismo. Essa é a rotina de mais de 16 milhões de pessoas que convivem com a diabetes no Brasil, colocando o país em 5º lugar de incidência no mundo, atrás apenas da China, Índia, Estados Unidos e Paquistão.