Os sensores de glicose, usado por pessoas com diabetes para acompanhar seus níveis de glicose, tem ganhado destaque entre os atletas olímpicos que não convivem com a doença. Estes pequenos dispositivos, fixados na pele, estão sendo usados para monitorar os níveis de glicemia no sangue em tempo real, ajudando atletas a otimizar seu desempenho durante as competições.
Os monitores contínuos de glicose
Estes dispositivos são aplicados na pele, geralmente na parte superior do braço. Eles possuem um pequeno filamento sensor inserido logo abaixo da pele para medir os níveis de glicose no líquido intersticial (o líquido entre as células). Esses dispositivos se conectam sem fio a um smartphone ou a um aparelho compatível (depende da versão do aparelho usado), permitindo que o usuário acompanhe seus níveis de glicose em tempo real.
Inicialmente desenvolvidos para ajudar pacientes com diabetes a ajustar suas doses de insulina e acompanhar os níveis de açúcar no sangue, os monitores agora são menores e mais precisos. O mercado já movimenta bilhões de dólares anuais e está se expandindo para o setor de esportes e bem-estar com os monitores contínuos.
Como os atletas Olímpicos estão usando esse dispositivo?
Atletas de ponta e suas equipes de suporte estão utilizando os sensores para monitorar a ingestão de calorias e a intensidade dos treinos. Embora o benefício durante competições de curta duração (menos de três horas) seja limitado, esses dispositivos são extremamente úteis em treinos prolongados.
Por exemplo, a nadadora australiana aposentada e medalhista de ouro olímpica Chelsea Hodges usou um monitor de glicose para entender e remediar crises de exaustão extrema durante suas sessões de treinamento. O monitoramento contínuo mostrou que ela tinha uma propensão a níveis baixos de glicose no sangue, o que foi decisivo para ajustar sua alimentação e melhorar seu desempenho.
O maratonista holandês Abdi Nageeye, que ganhou prata nas Olimpíadas de Tóquio. Buscando uma “corrida sem esforço”, Nageeye usa sensores para melhorar seus padrões de sono e alimentação, garantindo que ele gaste o mínimo de energia possível durante os treinos.
Em 2021, Thiago Braz, o atleta brasileiro de salto com vara, utilizou um sensor de glicose no braço durante as Olimpíadas de Tóquio e chamou a atenção ao utilizar o dispositivo. Apesar de não conviver com o diabetes, o atleta usou o monitor no braço esquerdo para acompanhar o seu gasto energético durante as competições. Além disso, usa também para monitorar a glicose e entender quais alimentos estão trazendo mais energia para ele.
Monitores de glicose para atletas: o que diz a ciência?
A compreensão de como o monitoramento da glicose pode influenciar a ingestão de calorias e o cronograma de treinamento continua em estágio inicial. Os pesquisadores em nutrição esportiva estão começando a desvendar como esses dispositivos podem beneficiar os atletas.
Algumas descobertas surpreendentes incluem níveis de glicose extremamente altos em maratonistas de durante corridas, provavelmente devido aos hormônios do estresse. Também foi observado que muitos atletas de resistência têm níveis muito baixos de glicose durante o sono antes do amanhecer, mas ainda não está claro se isso é prejudicial.
Ainda há um caminho a percorrer para que os monitores de glicose sejam totalmente aceitos e compreendidos no contexto esportivo. Os resultados preliminares são otimistas e demonstram que esses dispositivos podem se tornar ferramentas valiosas para os atletas.