Uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) receberam a patente de um óleo essencial extraído da planta nativa do Nordeste, croton zehntneri, popularmente conhecida como Canela de Cunhã, que demonstrou resultados significativos no tratamento da neuropatia diabética.
A neuropatia diabética é uma condição séria que afeta os nervos periféricos, causando dores intensas, hipersensibilidade e, em casos graves, a perda de sensibilidade nos membros.
Um dos problemas mais conhecidos associados a essa condição é o pé diabético, em que úlceras de difícil cicatrização podem levar à amputação.
Segundo o professor Henrique Leal, um dos responsáveis pela pesquisa, a cada 30 segundos, uma pessoa no mundo perde um membro inferior devido a complicações do diabetes.
O tratamento atual da neuropatia diabética é limitado ao controle dos sintomas, muitas vezes recorrendo a analgésicos para gerenciar a dor, mas sem atacar a causa subjacente. É nesse contexto que a descoberta da Uece se destaca.
Resultado dos estudos: como o óleo essencial pode ajudar a tratar a neuropatia diabética
O óleo essencial de Canela de Cunhã, rico em anetol, um composto vegetal que compõe cerca de 80% do extrato, é capaz de diminuir e até reverter danos nos nervos causados pelo diabetes, sem interferir nos níveis de glicose dos pacientes.
Os testes pré-clínicos, realizados em camundongos no Laboratório de Eletrofisiologia da Uece, foram otimistas. Segundo o pesquisador Francisco Walber Silva, responsável pelo estudo, o óleo essencial conseguiu melhorar significativamente as condições neurais nos animais testados.
“Essa pesquisa traz esperança de um tratamento específico e acessível para a neuropatia diabética, algo que ainda não existe no mercado”, destaca Walber.
A descoberta tem um impacto ainda maior ao considerarmos que o óleo é de fácil extração, com alto rendimento e baixo custo, o que poderia tornar o tratamento acessível a uma ampla parcela da população.
Próximos passos
Com a patente em mãos, os pesquisadores da Uece agora focam na otimização da dosagem do óleo essencial para maximizar seus efeitos terapêuticos. “Mesmo na dosagem inicial, o óleo já mostrou um excelente efeito anti-inflamatório, mas acreditamos que podemos aprimorar ainda mais essa fórmula”, afirma o professor Henrique Leal.
O próximo passo será avançar para testes clínicos, que poderão confirmar a eficácia do tratamento em humanos e, eventualmente, levar ao desenvolvimento de um novo medicamento no mercado.
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