UD – A pessoa com obesidade ainda é vista com preconceito pela sociedade. Se ela também tem diabetes isso fica pior?
AL – Em geral, a obesidade, que é uma doença visível, causa mais preconceitos. Muitas pessoas explicitam o preconceito contra a pessoa com obesidade de diversas formas: da repulsa à infantilização. Do julgamento sobre “como ela se deixou engordar tanto”, até condenar se a pessoa resolve fazer um tratamento cirúrgico ou medicamentoso. É como se fosse um beco sem saída. Se a pessoa não se trata, é considerada preguiçosa, sem força de vontade. Se parte para um tratamento médico vai escutar que “remédio faz mal, cirurgia é mutilação” e um monte de bobagens. Por essas questões eu acredito que a pessoa com obesidade desperta maior preconceito em quem não conhece a doença.
UD – Qual o pior tipo de preconceito?
AL – Uma das piores coisas que uma pessoa com obesidade oi diabetes pode sofrer é o preconceito por parte de profissionais de saúde. Se esse foi o seu caso, corra para procurar especialistas que saberão conduzir seu tratamento com ética e competência e não com julgamento. Assim você se sentirá mais seguro e a aderência ao tratamento será muito melhor. Outra questão fundamental é: faça um bom psicodiagnostico com um especialista em saúde mental que entenda profundamente de obesidade e doenças metabólicas pata que você tenha uma visão e um acompanhamento global do seu tratamento. Isso vai te deixar mais seguro e o impacto do preconceito será menor.
UD – O tratamento da obesidade ajuda a controlar o diabetes. É muito comum pessoas com obesidade dizerem: “Se eu soubesse disso teria tratado a obesidade antes”. Como podemos trabalhar essa frustração do ponto de vista psicológico?
AL – Tudo o que temos está aqui, no momento presente. Enquanto estamos vivos é possível tratar e melhorar nossas condições de saúde. Muitas vezes a pessoa não tinha as informações que tem ou teve depois do diagnóstico e é com isso que precisamos tratar. Menos culpa, mais acolhimento e condutas médicas efetivas! Tratar a obesidade é fundamental para controlar o diabetes mas também outras possíveis doenças metabólicas, articulares, psiquiátricas, cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida. Por isso sempre insisto. Procure bons profissionais para te acompanhar!