O diabetes e a doença de Alzheimer: o que você precisa entender

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O Alzheimer é a causa mais comum de demência em idosos, caracterizada por uma deterioração progressiva das funções cognitivas e da memória. Por outro lado, o diabetes também é uma condição relacionada à idade e está associado a um maior risco de desenvolvimento de demência, incluindo o Alzheimer. Essas duas doenças compartilham fatores de risco comuns, como o envelhecimento, dieta inadequada, obesidade e inflamação crônica. Segundo o Ministério da Saúde (MS), no Brasil, cerca de 1,2 milhão pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano, incluindo o Alzheimer.

O médico geriatra e membro do Departamento de Diabetes em Idosos da Sociedade Brasileira de Diabetes, Jonas Gordilho, o diabetes é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças como Alzheimer e demência. ” O controle adequado do diabetes durante a vida adulta e na condição de idoso é fundamental para diminuir os riscos de desenvolver o Alzheimer. Já no caso de pessoas com diabetes tenha o Alzheimer já em estado avançado, ele pode entrar em uma situação de síndrome de fragilidade e acabar tendo as metas glicêmicas menos agressivas, permitindo que a glicemia fique um pouco mais alta para que ele não tenha reações adversas ao tratamento e possa ter uma qualidade de vida melhor.”

Um estudo publicado no The Conversation têm destacou uma ligação entre o diabetes tipo 2 e a doença de Alzheimer. O diabetes pode desencadear mudanças no funcionamento cerebral, como alterações na função vascular, metabolismo da glicose e sinalização celular da insulina, enquanto o Alzheimer é marcado por características como a formação de placas de beta-amiloide, um tipo de proteína, e emaranhados neurofibrilares, alterações intracelulares encontradas dos neurónios .

A relação entre essas condições envolve múltiplos mecanismos fisiopatológicos, incluindo a resistência à insulina e a inflamação crônica. A hipoglicemia, comumente associada ao tratamento do diabetes, também pode contribuir para a neurodegeneração, criando um ciclo vicioso entre o diabetes e o Alzheimer.

O estudo ainda mostrou que o risco de desenvolver Alzheimer é maior entre os pacientes com diabetes. Embora ainda não haja consenso sobre a natureza exata da relação entre o diabetes e o Alzheimer, os estudos sugerem que estratégias terapêuticas destinadas a controlar a resistência à insulina e a inflamação crônica podem beneficiar tanto os pacientes diabéticos quanto aqueles com Alzheimer.

” O paciente que tem alguma deficiência cognitiva, como é o caso do Alzheimer, pode ter interferências na adesão e entendimento do paciente à alimentação, medicação e indicações médicas. Nesses casos, é importante que o médico identifique precocemente a deficiência cognitiva no paciente, até porque há riscos do desenvolvimento de demência caso o paciente tenha índices elevados de hipoglicemia ou Alzheimer avançado. Esse paciente provavelmente precisará de algum familiar ou cuidador para auxiliar no tratamento diário, como medicações e alimentações”, comentou médico.

Jonas Gordilho ressaltou ainda que a própria obesidade ou deficiências cognitivas podem desenvolver algum grau de resistência à insulina em pacientes com diabetes, necessitando assim de maiores cuidados com os níveis glicêmicos.