Wegovy apresenta benefícios para quem tem diabetes e insuficiência cardíaca

Tratamento

Um recente estudo publicado no New England Journal of Medicine revelou que o Wegovy (semaglutida) pode ser um tratamento eficaz para pacientes que convivem com insuficiência cardíaca e diabetes tipo 2. A pesquisa destacou a importância de abordar a obesidade como uma causa raiz dessa condição.

A insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp) é prevalente entre pacientes com diabetes tipo 2 e obesidade, que é caracterizada por uma alta carga de sintomas e limitações físicas.

Até então, não existia uma terapia aprovada especificamente para tratar a insuficiência cardíaca associada à obesidade. O estudo envolveu 616 pacientes de 16 países da Ásia, Europa e Américas com um índice de massa corporal de 30 ou mais. Eles foram randomizados para receber semaglutida ou placebo durante 52 semanas. 

WEGOVY: O QUE MOSTROU O RESULTADO

Wegoy e o placebo que foram usados nos pacientes
Imagem: New England Journal of Medicine

A semaglutida mostrou uma melhora significativa na pontuação do Kansas City Cardiomyopathy Questionnaire (KCCQ-CSS), que mede a gravidade dos sintomas e limitações físicas. A alteração média no KCCQ-CSS foi de 13,7 pontos com semaglutida, em comparação a 6,4 pontos com placebo. Além disso, os pacientes que receberam semaglutida apresentaram uma redução média de 9,8% no peso corporal, enquanto o grupo placebo teve uma redução de apenas 3,4%.

O cardiologista Mikhail Kosiborod, um dos autores do estudo e vice-presidente de pesquisa do Sistema de Saúde de St. Luke em Kansas City, destacou a importância dos achados. “Hoje, estamos analisando a obesidade e como ela tem sido negligenciada como chave para o diagnóstico e tratamento de doenças graves, incluindo a insuficiência cardíaca. A obesidade está de fato causando isso”, afirmou Kosiborod. Ele enfatizou que a obesidade não é apenas uma comorbidade, mas uma causa raiz do desenvolvimento desse tipo de insuficiência cardíaca.

Houve uma melhora na distância percorrida em 6 minutos, uma redução na inflamação medida pelo nível de proteína C reativa (PCR) e menos eventos adversos graves no grupo tratado com semaglutida em comparação ao grupo placebo. Apenas 17,7% dos pacientes no grupo semaglutida relataram eventos adversos graves, contra 28,8% no grupo placebo.

Kosiborod ressaltou a mudança de paradigma que esses resultados podem trazer. “Esta é a primeira prova experimental de que abordar a obesidade traz algo extremamente importante para esta população de pacientes. Sabemos com certeza agora que isso os faz sentir-se melhor e serem capazes de fazer mais”, disse ele. O cardiologista também destacou que tratar a obesidade pode melhorar significativamente os resultados de outras complicações relacionadas, como diabetes tipo 2 e apneia do sono.