Noites mal dormidas aumentam a resistência à insulina, diz pesquisa

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Maurílio Goeldner

Repórter e editor do portal Um Diabético. Escreve sobre saúde desde os tempos da faculdade de jornalismo. Para sugerir uma reportagem: redacao@umdiabetico.com.br

Dormir bem é uma das principais recomendações para uma vida saudável, não importa em quais condições de saúde. No caso do diabetes, uma descoberta recente levou a números bem impactantes sobre os malefícios de uma noite maldormida.

O endocrinologista Fernando Valente, professor da Faculdade de Medicina do ABC 

De acordo com a pesquisa da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, mesmo um curto período de privação do sono aumenta a resistência à insulina em mulheres, especialmente pós-menopausa. De acordo com os autores, o estudo seria o primeiro a mostrar que a redução de 90 minutos de sono noturno, durante seis semanas, provoca um impacto negativo na saúde metabólica. “Dormir 1h30 mais tarde, acordando no mesmo horário por 6 semanas (duração média de sono de 6.2 horas) resultou em um aumento da resistência à insulina em 15%, e o resultado foi ainda pior nas mulheres pós-menopausa (mais de 20%). E esse efeito foi independente do peso”, explica o médico Fernando Valente, endocrinologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC. O estudo, publicado nesse mês na Diabetes Care, avaliou mulheres entre 20 e 75 anos, sem doenças cardiometabólicas, que dormiam entre 7 a 9 horas por noite.

Um segundo ponto mostrado no estudo é a correlação com o horário de dormir. “A pessoa que vai dormir mais cedo, acorda mais cedo, tem melhor sensibilidade à insulina em relação à pessoa que dorme tarde e acorda tarde. O horário também é importante. A duração é importante”, ressalta o endocrinologista.

Qual a duração ideal de uma noite de sono?

O especialista também explica sobre a duração ideal de uma noite de sono, que seria de 7 a 8 horas: “Dormir menos do que isso, dormir mais do que isso, aumentaria significativamente o risco”. A pesquisa alerta também que para noites menores que 6 horas, o risco aumentaria em torno de 10% para cada hora a menos. “O papel do sono tem sido cada vez mais com liderado como relevante, além, claro, da alimentação, da atividade física. Mas isso já é algo que eu acho que está mais consolidado na cabeça das pessoas. Então essa questão do sono é uma questão mais recente que está se dando importância”, lembra Fernando.

Ele também lembra outros estudos que citam a recuperação do sono perdido. Não é a melhor situação, mas também funciona. “O ideal é ter uma rotina saudável de sono. Mas alguns estudos mostram, por exemplo, que dois dias de uma noite melhor dormida, já você recupera uma parte dessa sensibilidade à insulina perdida nesses dias de restrição são do sono. Então o ideal logicamente é não ter restrição de sono, é dormir, cedo, acordar cedo e ter sono de qualidade. Mas a gente sabe que o mundo ideal muitas vezes ele está pouco distante daquilo que a gente consegue fazer como adulto”, orienta o médico.