Glicose alta é a principal causa de neuropatia diabética, entenda

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A neuropatia diabética é uma complicação comum e que pode ser imperceptível, mas que pode tornar-se grave em quem tem diabetes, afetando os nervos periféricos (que estão fora do sistema nervoso central) e podendo resultar em uma série de sintomas e até debilitação. Cerca de 50% das pessoas com diabetes desenvolvem neuropatia em algum momento de suas vidas, tornando essencial a compreensão dos fatores que contribuem para seu surgimento e maneiras de prevenir e tratar essa condição.

A glicose alta no sangue pode ocasionar danos aos nervos periféricos representando a principal causa da neuropatia diabética. Outros fatores como obesidade, tabagismo, hipertensão e tempo de convivência com o diabetes também podem influenciar seu desenvolvimento. Esses danos podem se manifestar de várias maneiras, desde dor crônica e queimação até perda de sensibilidade nos membros inferiores, aumentando o risco de úlceras e amputações.

Segundo o médico Luiz Clemente Rolim, mestre em endocrinologia pela Unifesp e especialista em neuropatia diabética, o problema é uma complicação progressiva que compromete os nervos e apesar de afetar muitas pessoas com diabetes, a maioria não apresenta nenhum sintoma no início.

“O excesso de açúcar no sangue provoca um certo estresse ou disfunção mitocondrial nos nervos, tornando-os “inflamados”. Os nervos necessitam de muita energia para funcionar e justamente por isso são estruturas ricas em mitocôndria (a fábrica de energia). No diabetes, a glicose alta é muito tóxico para as mitocôndrias, deixando-as sobrecarregadas e lentas”, reforçou Luiz.

“Há também as causas em decorrência do que chamamos de fatores não glicêmicos, que são importantes nas pessoas com diabetes do tipo 2 e pré-diabetes: obesidade visceral (acúmulo de gordura no abdômen), excesso de triglicérides, hipertensão, tabagismo, alcoolismo e idade avançada”, completou o médico.

Segundo o endrocrinologista, a prevenção da neuropatia diabética envolve um controle rigoroso da glicose sanguínea, juntamente com medidas para promover um estilo de vida saudável, incluindo exercícios físicos regulares e uma alimentação balanceada. Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool também é fundamental. Para aqueles que já desenvolveram neuropatia, o tratamento é focado na gestão dos sintomas e na redução do avanço da doença. Isso pode incluir o uso de medicações para alívio da dor, terapias complementares e acompanhamento médico regular.

Sintomas da Neuropatia Diabética:

  • Há três tipos de sintomas: os primeiros são os sensitivos, que aparecem de forma mais precoce. Dores nos pés, como queimação; como se a pessoa estivesse pisando em areia quente. Podemos destacar, também, os formigamentos, facadas, agulhadas e sensação de frio doloroso (como se pisasse em gelo picado). Esses sintomas pioram à noite durante o sono e melhoram com caminhadas, ao contrário das dores causadas por artrites, tendinites e hérnia de disco, que melhoram com o repouso.
  • A outra forma de sintomas é a motora. Esses são mais tardios e se caracterizam por perda de força muscular nos pés e pernas, quedas e dificuldade para andar nos calcanhares ou na ponta dos pés (neuropatia grave).
  • Por fim, vamos citar os sintomas autonômicos. Eles costumam acompanhar os sensitivos, mas podem passar desapercebidos por anos. Os mais frequentes são: pés ressecados (fissuras e calos), alterações dos batimentos do coração e da pressão do sangue como tonturas ao levantar, batedeira, fraqueza e cansaço ao realizar exercícios físicos, além de prisão de ventre, diarreia, incontinência urinária e problemas na função sexual, ou seja, dificuldade de ereção ou ressecamento vaginal.

Tratamento da Neuropatia Diabética:

“Em primeiro lugar, devemos deixar claro que neuropatia diabética é uma doença complexa, multifatorial e progressiva. Portanto, não existe uma única droga que vá resolver tudo. O tratamento sempre vai depender da fase e da gravidade em que a neuropatia se encontra podendo ser leve, moderada ou grave. O profissional indicado para tratar e acompanhar o paciente é o endocrinologista, que é o médico especializado em diabetes e suas complicações. O tratamento deve ser individualizado e com atenção a cada paciente. O médico deve educá-lo sobre a necessidade de praticar atividade física regular e adesão a um plano alimentar mais saudável” disse o endocrinologista Luiz Clemente.