O Hospital Moinhos de Vento, localizado em Porto Alegre (RS), tornou-se o primeiro do Brasil a conquistar a certificação internacional pelo “Padrão Ouro do Cuidado do Pé Diabético”. Esse reconhecimento destaca a excelência no atendimento e na prevenção de complicações relacionadas ao diabetes, com foco em reduzir amputações causadas pela doença.
A certificação internacional valida os esforços da unidade em adotar protocolos inovadores para prevenção e tratamento do “pé diabético”. Segundo Elisandra Leites, coordenadora do Grupo de Diabetes do hospital, a implementação do protocolo foi desafiadora, mas essencial. “Criamos um modelo que une educação para prevenção, identificação de riscos e tratamento das úlceras já existentes. Nosso objetivo é salvar membros e, consequentemente, salvar vidas”, explica.
Essa abordagem é um avanço significativo em um país onde mais da metade das 282 mil amputações realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) entre 2012 e 2023 está relacionada ao diabetes, conforme dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV).
O impacto do “pé diabético” no Brasil
O diabetes é uma condição crônica que afeta mais de 16 milhões de brasileiros e pode levar a complicações graves quando não controlada. Uma das mais graves é a úlcera do pé diabético, que pode evoluir para infecções severas e, em muitos casos, resultar na amputação do membro.
Estudos revelam que 25% das pessoas com diabetes desenvolverão ao menos uma úlcera no pé durante a vida. Segundo pesquisa publicada no International Journal of Environmental Research and Public Health, os custos médicos relacionados ao tratamento do pé diabético são até cinco vezes maiores do que os de pacientes sem essa condição.
Alarmantemente, 85% das amputações causadas pelo diabetes têm como origem úlceras que poderiam ter sido prevenidas. Isso reforça a importância de iniciativas como a certificação obtida pelo Hospital Moinhos de Vento.
O que significa o “Padrão Ouro do Cuidado do Pé Diabético”?
O “Padrão Ouro” representa o nível mais alto de reconhecimento em práticas de cuidado com o pé diabético. O protocolo adotado pelo hospital inclui:
Educação do paciente: Ensinar a importância de inspecionar os pés diariamente e identificar sinais de risco.
Estratificação de risco: Avaliação individual para identificar pacientes mais propensos a desenvolver úlceras.
Tratamento personalizado: Cuidados especializados para tratar úlceras existentes e evitar complicações graves.
“O diabetes é uma doença silenciosa que traz muitas comorbidades. As úlceras no pé são a principal causa de amputação no mundo, mas podem ser evitadas com estratégias adequadas”, afirma Elisandra.
Como prevenir o “pé diabético”?
Embora o avanço no tratamento seja uma ótima notícia, a prevenção continua sendo o melhor caminho para evitar complicações. Aqui estão algumas medidas simples e eficazes:
Examine os pés diariamente: Procure sinais como feridas, calos, cortes ou mudanças na coloração da pele.
Use calçados adequados: Escolha sapatos confortáveis e que não causem atrito ou pressão.
Higienize os pés corretamente: Lave com água morna e seque bem, especialmente entre os dedos.
Controle o diabetes: Mantenha os níveis de glicemia dentro do recomendado.
Consulte um especialista: Ao menor sinal de lesão, procure atendimento médico para evitar que o problema se agrave.
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