Um estudo recente apresentado no congresso em Madri trouxe uma importante descoberta para as pessoas com diabetes que já apresentam retinopatia: a melhora rápida no controle glicêmico pode piorar essa condição, especialmente se o paciente já estiver com níveis descompensados de hemoglobina glicada.
A relação entre controle glicêmico e retinopatia
A pesquisa comparou a eficácia de bombas de insulina mais antigas com os modelos mais modernos, como a 780G e o Android APS, que possuem correção automática dos níveis de glicose. Segundo o estudo, a melhora rápida do controle glicêmico, quando a hemoglobina glicada cai mais de 2% em seis meses, pode aumentar o risco de piora na retinopatia em pessoas que já apresentam a condição.
A especialista Solange Travassos, que também vive com diabetes e participou do congresso, destacou a importância desse achado. “O estudo mostrou que, se uma pessoa com diabetes tem retinopatia e melhora seu controle glicêmico de forma rápida, especialmente se vinha de um histórico de glicadas acima de 9, isso pode ser deletério para a retina,” explica Solange.
Cuidados necessários para evitar complicações
O risco de complicações aumenta especialmente em pacientes com uma longa história de glicose mal controlada. “Para quem está com uma hemoglobina glicada de 10 ou mais, é crucial fazer essa melhora de forma gradual, primeiro reduzindo para 9, depois para 8, até atingir um nível saudável,” orienta Solange.
Ela enfatiza que o acompanhamento médico é indispensável nesse processo. “É fundamental que o paciente realize exames oftalmológicos antes de iniciar essa melhora no controle da glicemia. Se houver algum sinal de retinopatia, o tratamento deve ser ajustado e monitorado de perto,” acrescenta. “Você não pode melhorar o controle glicêmico sem saber como está a saúde da sua retina.”
Retinopatia afeta uma minoria, mas requer atenção
O estudo também apontou que cerca de 12% das pessoas com diabetes que apresentam uma melhora rápida no controle glicêmico podem ter piora da retinopatia. Embora seja uma minoria, as consequências podem ser graves. “É devastador quando a pessoa faz um grande esforço para melhorar o controle e, ao invés de ver melhorias, descobre que seu problema nos olhos piorou,” destaca Solange.
Ela reforça a importância de um plano de tratamento adequado e gradual. “Não queremos que as pessoas fiquem com medo de melhorar o controle. O que queremos é que elas façam isso com responsabilidade, acompanhadas de seus médicos e oftalmologistas.”