Durante o EASD 2024 (Associação Europeia para o Estudo do Diabetes), em Madri, um dos destaques foi o Estudo Optimal, a maior pesquisa em andamento sobre o controle intensivo da pressão arterial em pacientes com diabetes tipo 2 e alto risco cardiovascular. A pesquisa, que já recrutou 9.479 pacientes, tem como objetivo determinar a pressão arterial ideal para esse grupo, comparando dois níveis de controle: um com pressão sistólica abaixo de 120 mmHg e outro com pressão abaixo de 140 mmHg.
O estudo é pioneiro na busca de respostas definitivas sobre o impacto do controle intensivo da pressão arterial nesses pacientes, abordando desfechos cardiovasculares amplos, como morte por causas cardíacas, infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e hospitalizações por insuficiência cardíaca. O Estudo Optimal visa preencher as lacunas deixadas por pesquisas anteriores, como o Accord e o Sprint, ao contar com um número significativamente maior de pacientes e eventos avaliados, aumentando a precisão dos dados e das conclusões.
Metodologia e desfechos pressão arterial
O desfecho primário do estudo é o MACE ampliado, que engloba eventos cardiovasculares severos, incluindo morte cardiovascular, infarto, AVC e hospitalizações. Como desfecho secundário, o estudo avalia o 3.8 MACE, oferecendo uma análise ainda mais detalhada sobre os eventos observados ao longo da pesquisa.
A relevância desse estudo para a comunidade médica é imensa, pois a definição de uma pressão arterial ideal para pacientes com diabetes tipo 2 pode influenciar diretamente os protocolos de tratamento em todo o mundo, contribuindo para a redução de complicações graves e melhorando a qualidade de vida desses pacientes. Apesar de ainda serem necessários alguns anos para a conclusão dos dados, as expectativas são altas.
Entrevista com Otávio Berwanger durante a cobertura do EASD
Durante a cobertura do EASD 2024, o cardiologista Otávio Berwanger foi entrevistado pelo Dr. Marcio Krakauer em um vídeo divulgado nas redes sociais da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Berwanger, que está à frente do Estudo Optimal e atualmente reside na Inglaterra, explicou em detalhes o andamento da pesquisa e ressaltou a importância de sua conclusão para a comunidade médica.
Na entrevista, Berwanger comparou o Estudo Optimal com o Accord, destacando que, embora o Accord tenha sido bem conduzido, não conseguiu responder de forma definitiva qual seria o controle ideal da pressão arterial para pacientes com diabetes tipo 2. O Optimal, por sua vez, é mais robusto, tanto em número de pacientes quanto na quantidade de eventos cardiovasculares acompanhados, o que pode proporcionar respostas mais conclusivas.
Ele também enfatizou o papel central do Brasil na pesquisa, sendo o país líder no recrutamento de participantes. “Praticamente todos os pacientes do estudo são do Brasil”, comentou Berwanger, destacando o envolvimento significativo do país na pesquisa.
Impacto esperado