Os desafios após o diagnóstico de uma criança com diabetes são muitos, principalmente para os pais ou parentes que assumem a responsabilidade dos cuidados diários necessários como: monitorar a glicose, aplicar insulina, preparar uma alimentação equilibrada e adequada, levar as consultas aos profissionais de saúde e entre outros. A rotina exige do cuidador tempo e atenção, o que obriga em muitos casos alguém da família parar ou deixar de trabalhar.
Priscila Corrêa (38) é mãe solo do Iago Corrêa (11) que recebeu o diagnóstico de diabetes tipo 1 há 2 anos. Desde então a mãe preciso deixar o trabalho de auxiliar de limpeza para assumir os cuidados do filho. Eles moram em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e estuda em uma escola pública “ eu não consigo trabalhar porque as escolas que eu coloco ele não dão suporte, estou em uma luta sem tamanho”, desabafou Priscila.
A mãe de Iago explicou que precisar ir até escola fazer as aplicações de insulina no menino e que está sempre preocupada, “não fico em paz quando ele está na escola”, concluiu a mãe do garoto com diabetes.
A Priscila é um exemplo de uma realidade comum no Brasil, em que a escola não tem obrigação legal de assumir alguns cuidados como diabetes no período em que a criança está no ambiente escolar. Na tentativa de traçar um raio-x brasileiro sobre o diabetes nas escolares que pesquisadores conseguiram reunir dados inéditos.
A pesquisa nacional foi realizada entre maio e dezembro de 2023. O estudo alcançou mais de 1200 respostas de famílias com crianças com diabetes em idade escolar. O “Programa de Educação em Diabetes para Escolas” é um Projeto de Doutorado da Dra. Laura Cudizio, sob orientação do Dr. Luis Eduardo Calliari.
Das pessoas consultadas na pesquisa, 47% informaram que a criança está matriculada em escolas públicas e 53% escolas particulares. Do tota de respostas 48% dos participantes revelaram que alguém da família parou de trabalhar para cuidar do diabetes da criança, além disso outros dados também chamaram a atenção:
37% das famílias referem que há mais de uma criança com diabetes na mesma escola
12% já mudou a criança de escola pelo menos uma vez, por conta do diabetes
19% vão até a escola para aplicar insulina
Os pesquisadores também decidiram entender a opinião dos participantes em relação à estrutura da escola:
77% aceitaria que alguém que não fosse profissional de saúde auxiliasse a criança nos cuidados do diabetes, desde que recebesse um treinamento para isso (32%) ou alguém da família ensinasse sobre os cuidados (45%)
80% acha que o pessoal da escola não tem nenhum, ou tem pouco conhecimento sobre diabetes
O tema diabetes nas escolas é preocupação mundial, a ISPAD (International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes) criou um Grupo Especial de Interesse pelo tema, formado por profissionais com experiência nessa área vindos de diferentes países – Suécia, Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Eslovênia, Espanha e Brasil, representado pelo Dr.Luis Eduardo Calliari. Recentemente a Dra.Laura Cudizio foi convidada a participar também desse grupo. No seu primeiro ano de atuação, foi desenvolvido um Position Statement – um posicionamento oficial da ISPAD sobre os tipos de cuidados que são necessários para o cuidado de um aluno com diabetes.
Segundo o posicionamento, as escolas devem estar preparadas para receber alunos com diabetes em 3 níveis:
Nível 1 – todos os funcionários da escola devem saber que há um aluno com diabetes, e receber informação básica sobre o que é diabetes, quais os cuidados, quais os sintomas de hipoglicemia e hiperglicemia e quem chamar se o aluno não estiver bem.
Nível 2 – pessoas que vão interagir com o aluno diretamente, na sala de aula ou outras atividades. Devem compreender como reconhecer e iniciar o tratamento para hipoglicemia e hiperglicemia. Saber quem chamar se houver urgência
Nível 3 – profissionais de saúde da escola (enfermeiras ou médicos) OU pessoal não médico, treinado para atendimento. Devem saber medir a glicose (glicosímetro ou sensor) , oferecer glicose se necessário e podem ser treinados para aplicar insulina.
Para ajudar as famílias e tirar as dúvidas sobre esse assunto, o canal Um Diabético no Youtube realizará uma transmissão ao vivo, nesta segunda-feira ( 05/02) às 20h, com os médicos e pesquisadores Eduardo Caliari e Laura Cudizio, além de Clicia Moraes, mãe que luta pela causa nas escolas. Assista e tire suas dúvidas ao vivo.
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1 thought on “Exclusivo: 48% dos casos de diabetes em crianças no Brasil alguém deixa de trabalhar na família”
Olá Tom,
Em São Paulo Há a Resolução SS nº 70, de 22 de junho de 2023. Logo, você poderia orientar as famílias em que os pais não tem apoio da escola à fazer valer de uma resolução que vale para todo o Governo do Estado de SP. Uma Resolução tem força de Lei Ordinária, previstas no artigo 59, incisos VI e VI da Constituição Federal.
Olá Tom,
Em São Paulo Há a Resolução SS nº 70, de 22 de junho de 2023. Logo, você poderia orientar as famílias em que os pais não tem apoio da escola à fazer valer de uma resolução que vale para todo o Governo do Estado de SP. Uma Resolução tem força de Lei Ordinária, previstas no artigo 59, incisos VI e VI da Constituição Federal.