Diabetes pode afetar a saúde dos rins

Tratamento

Maurílio Goeldner

Repórter e editor do portal Um Diabético. Escreve sobre saúde desde os tempos da faculdade de jornalismo. Para sugerir uma reportagem: redacao@umdiabetico.com.br

Foi depois de um infarto que a aposentada Maria Iara descobriu o diabetes tipo 2. Ela estava com 60 anos de idade, precisou colocar stents no coração e passou por uma bateria de exames. Numa das consultas os médicos alertaram que o diabetes já fazia parte da vida há vários anos e que a descoberta tardia levou a outra consequência, uma doença nos rins. “O médico me informou que meu rim esquerdo estava funcionando com apenas 26% da capacidade. Fiquei chateada e preocupada, principalmente porque nesses anos todos eu não sentia nada. É uma doença silenciosa”, explica Maria Iara, que mora em Cidade Ocidental, Goiás.

A aposentada Maria Iara, de 63 anos de idade: diagnóstico tardio

A aposentada começou o tratamento com insulina e hoje aos 63 anos de idade considera que tem um bom controle do diabetes: “Eu consigo monitorar minha glicemia, tomo as insulinas e controlo a alimentação”. Maria Iara não precisa de transplante. “Vou ao endocrinologista e faço o acompanhamento com cardiologista e nefrologista”, lembra a leitora do portal Um Diabético. Foi ela quem sugeriu essa reportagem para falar sobre os rins.

Procuramos o médico José Moura Neto, presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, que explicou que os níveis elevados de açúcar no sangue por tempo prolongado podem causar danos aos vasos sanguíneos. Isso prejudica a chegada de sangue nos rins. “Essa alteração da perfusão renal pode agravar as lesões já existentes e/ou causar novas lesões. O diagnóstico tardio do diabetes causa atraso no início do tratamento. Deste modo, o paciente permanece mais tempo com níveis elevados de açúcar no sangue (hiperglicemia), aumentando o risco de lesão em órgãos-alvo, como os rins, coração, cérebro, vasos e nervos”, explica ele.

Sinais de doença renal

José Moura Neto, presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia

O especialista também aponta para possíveis sinais que podem indicar problemas renais em pessoas com diabetes. São os mesmos sinais da doença renal crônica: náuseas, vômitos, sonolência, soluços persistentes, perda de peso, redução do apetite, inchaços, falta de ar, desorientação, indisposição, redução do volume de urina ao longo do dia. “O uso da insulina permite o controle dos níveis de açúcar no sangue, evitando as lesões. Alguns medicamentos reduzem a progressão das lesões renais, diminuindo a perda de proteína na urina, a inflamação renal e a tendência a formar fibrose, que são alterações presentes na doença renal do diabetes e contribuem para o agravamento da doença”, indica o nefrologista.

Tratamento

Também há opções de tratamento disponíveis para pacientes com diabetes e problemas renais que não necessitam de transplante. “Tem insulina, metformina e outros medicamentos que atuam reduzindo os níveis de açúcar no sangue, mas também existem outros medicamentos com benefícios adicionais, que reduzem a progressão da doença renal do diabetes: os inibidores do sistema renina angiotensia aldosterona (como a losartana e o captopril) e uma classe mais nova de medicamentos chamada inibidores do cotransportador SGLT2 (dapagliflozina e empagliflozina). Além disso, é fundamental aderir às medidas não farmacológicas como controle do peso, prática de atividade física e dieta saudável”, alerta José Moura Neto.