Na live semanal da última segunda-feira, Tom Bueno convidou os endocrinologistas André Vianna e Denise Franco para debater o assunto
O Brasil é o país que conta com o maior número de diabéticos da América Latina, e no mundo está em quinto lugar, concentrando quase 17 milhões de pessoas portadoras da síndrome metabólica. Os dados são do Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF). Esse é um número que cresce a cada dia no país. Entre 2006 e 2019 a incidência de diabetes tipo 2 passou de 5,5% para 7,4%. Com esse cenário, convidamos os endocrinologistas André Vianna e Denise Franco para a nossa live semanal para entender melhor quais são os tipos de tratamentos disponíveis no país.
Diabetes Tipo 1 X Diabetes Tipo 2
Para começar a falar dos tipos de medicamentos e tratamentos, primeiro é importante entender sobre como os diferentes tipos de diabete agem no corpo. No caso da diabetes tipo 1, o corpo não tem produção de insulina, já no diabetes tipo 2 o corpo conta com a produção de insulina porém de forma prejudicada.
Comprimido ou Injetável
É comum associar a diabetes ao uso de insulina, mas é importante lembrar sobre o que falamos no tópico acima. Apesar de ter o mesmo nome, a doença age de forma diferente no organismo, ou seja, para cada caso é indicado um tipo de tratamento. Segundo o endocrinologista André Vianna “A insulina é usada quase que exclusivamente para pessoas portadoras da diabetes tipo 1, isso porque com a falta de fabricação de insulina ela se torna necessária para ajudar a pessoa viver bem, em alguns casos pode sim se acrescentar um remédio oral, apesar de não estar prescrito em bula, depende muito do caso“, comentou ele. Denise acrescentou: “O melhor remédio para tratar diabetes tipo 1 é a insulina, que é injetável”.
Já os comprimidos são remédios com outra função. Partindo do princípio que uma pessoa com diabetes tipo 2 conta com a produção de insulina pelo pâncreas, os comprimidos orais como por exemplo, metformina, são usados para acelerar e melhorar o desempenho da produção natural de insulina no corpo. Como a diabetes tipo 2 pode demorar para ser identificada, a maioria dos casos pode ocorrer de o paciente precisar trocar o tratamento ao longo dos anos. “Chega um momento que a pessoa que tem diabetes tipo 2 vai apresentando uma queda progressiva da produção própria da insulina com o passar dos anos. A quantidade pode ser tão pequena que os medicamentos orais, mesmo melhorando a ação da insulina e forçando o organismo a produzir mais, não dão conta sozinhos. Isso não significa que o remédio é fraco ou que é falta de cuidado do paciente. Se o corpo parar de fabricar a quantidade suficiente de insulina para manter o controle, o médico pode complementar o tratamento oral com a insulina de forma injetável para resultar em boas glicemias com a glicose caindo, fugindo das complicações” explicou André.
Insulinas
Durante a live, Denise reforçou o histórico das insulinas, explicando como o medicamento evoluiu ao longo dos anos e quais são as opções no mercado de forma geral. No sistema público de saúde existem dois tipos disponibilizados pelo SUS: Insulina NPH e Insulina Regular. A NPH é uma insulina de ação mais lenta, e serve principalmente para compensar durante as horas de jejum. Em termos práticos, as doses disponibilizadas pelo SUS podem não durar as 24 horas necessárias. A ação dura de 12 a no máximo 18 horas, ou seja, muitas pessoas acabam não conseguindo cobrir, por isso é indicada aplicação 2 ou 3 vezes dependendo do caso para a cobertura completa. Já a insulina regular, também disponibilizada pelo SUS, como a NOVORAPID, por exemplo, tem uma ação um pouco mais rápida. “Em vez de durar de 3 a 4 horas, ela consegue agir de 6 a 8 horas, o indicado é aplicar cerca de 30 a 40 minutos antes de comer para compensar” explicou André. Lembrando que é sempre recomendado avaliar o caso em particular com um profissional de confiança para que o ajuste da dosagem seja sempre feito da melhor maneira!
Com a evolução do medicamento já existem insulinas ainda mais rápidas que podem ser aplicadas cerca de 5 minutos antes de comer, FIASP, uma insulina ultrarrápida que ainda não está disponível no SUS.
Remédios Orais
Com certeza você já ouviu falar da metformina, e pode ficar tranquilo se esse é o remédio indicado para o seu tratamento. Segundo Denise, a metformina é ainda um dos queridinhos quando o assunto é tratamento de diabetes. Esse é um dos remédios mais indicados no tratamento do SUS principalmente para diabetes tipo 2 “O glifage é o remédio mais popular para esse tratamento, cerca de 9 a cada 10 pacientes estão em tratamento com essa medicação” explica André. Denise complementa: “Esse é um remédio que tem mais de 50 anos, a gente conhece bem os efeitos colaterais. Apesar de estar há bastante tempo no mercado, só recentemente o mecanismo de ação foi descoberto. É uma medicação segura e tem local na prescrição. Pode ser que no futuro tenha outras opções, mas é uma das primeiras escolhas”. Ainda existem outros remédios indicados para o tratamento, mas Denise reforça que tudo depende de como o corpo está sendo prejudicado pela diabetes. “Os diabéticos tipo 2 tem vários locais no organismo que não estão funcionando direitinho então para cada tipo, ou tempo, ou a forma que a diabetes se apresenta em cada situação a gente escolhe um medicamento olhando pra esse defeito e assim conseguimos fazer o diagnóstico para saber onde está ruim de acordo com perfil e exames. São esses critérios que são levados em conta”.
Você pode conferir a nossa live completa para entender quais outros tipos de tratamentos estão disponíveis na rede pública ou privada. Entenda a evolução dos medicamentos.