Diabetes e ansiedade: como o estresse impacta o controle da glicemia

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O Brasil lidera o ranking mundial de ansiedade, com 18,6 milhões de pessoas diagnosticadas com o transtorno, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Para quem convive com diabetes, a condição emocional pode representar um grande desafio, já que os hormônios do estresse influenciam diretamente no controle da glicemia. O corpo reage à ansiedade como se estivesse diante de um perigo iminente, liberando substâncias como adrenalina e cortisol, que aumentam os níveis de glicose no sangue.

A endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Denise Franco, explica essa relação:

Primeiro que, quando a gente está mais ansioso, eu preciso ter energia para trabalhar a ansiedade. Então, o nosso organismo lança mão dos recursos que a gente tem para aumentar essa energia. E entre eles estão hormônios que elevam o açúcar no sangue. Então, adrenalina e nosso corticoide são produzidos em um nível maior para combater esse grau de ansiedade. E para isso, como são hormônios que elevam a glicemia, eu tenho que ter junto com isso o meu sistema que controla a glicemia e o meu pâncreas, produzindo mais insulina para poder dar conta desse açúcar que vai aumentar por causa da elevação desses hormônios.

O impacto da ansiedade no controle do diabetes

Quando o corpo identifica um estado de estresse, ele ativa mecanismos de defesa. Para garantir que haja energia suficiente para enfrentar a situação, o organismo libera mais glicose no sangue. Em pessoas que não convivem com diabetes, o pâncreas aumenta a produção de insulina para equilibrar esse aumento. No entanto, quem já tem a condição, pode enfrentar dificuldades, pois o corpo produz insulina de forma insuficiente ou apresenta alta resistência ao hormônio.

No diabetes tipo 1, em que o corpo não produz insulina, a ansiedade pode demandar ajustes na dosagem do medicamento. Já no tipo 2, onde a insulina ainda é produzida, mas seu efeito é reduzido, pode ser necessário reavaliar a medicação para evitar picos de glicemia.

Hábitos alimentares

Além do impacto direto na glicemia, a ansiedade pode levar a comportamentos prejudiciais ao controle do diabetes. Muitas pessoas ansiosas acabam comendo sem perceber, ingerindo grandes quantidades de carboidratos e açúcares. Esse consumo descontrolado pode resultar em oscilações glicêmicas, dificultando o manejo da doença.

Outro fator preocupante é a falta de atenção ao tratamento. A pessoa ansiosa pode esquecer de tomar seus medicamentos, medir a glicose ou seguir corretamente a dieta recomendada. Esses descuidos aumentam o risco de complicações do diabetes, tornando essencial o acompanhamento com um profissional de saúde.

O ciclo entre diabetes e ansiedade

Se, por um lado, a ansiedade influencia a glicemia, o inverso também pode ocorrer. O medo constante de descontrole glicêmico pode gerar um estado de alerta permanente, intensificando a ansiedade. Pessoas com diabetes muitas vezes desenvolvem uma preocupação excessiva com os números do monitoramento, buscando um controle perfeito da glicose. Esse nível de cobrança pode gerar frustração e estresse, alimentando ainda mais a ansiedade.

Essa relação de mão dupla exige atenção. O emocional precisa ser tratado com a mesma importância que a alimentação, a medicação e a atividade física. Estratégias como terapia cognitivo-comportamental, mindfulness e técnicas de respiração podem ser grandes aliadas no controle da ansiedade e, consequentemente, no manejo do diabetes.

Como controlar a ansiedade e evitar picos glicêmicos