Diabetes e alimentação: a verdade sobre frutas, raízes e produtos industrializados

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Quando o assunto é alimentação para pessoas com diabetes, muitas dúvidas e mitos ainda circulam por aí. Um dos maiores equívocos é a ideia de que frutas devem ser completamente evitadas. A nutricionista educadora em diabetes, Amanda Schuenker, esclarece que essa crença está longe de ser verdadeira. Segundo ela, o segredo está no equilíbrio e na contagem correta dos carboidratos na dieta.

Embora a frutose seja um tipo de açúcar, a fruta em si é um alimento muito eficiente para quem tem diabetes. O que importa é a quantidade e como ela se encaixa na contagem de carboidratos“, explica Amanda.

A quantidade ideal de frutas

Cada fruta tem uma porção específica que corresponde a aproximadamente 15 gramas de carboidrato. Por exemplo, uma banana média, uma laranja ou cerca de 10 uvas já atingem essa marca. Ao considerar esses valores dentro da alimentação diária, é possível consumir frutas sem prejudicar o controle da glicose.

No entanto, muitos profissionais que não são da área de nutrição acabam proibindo frutas e raízes para pacientes com diabetes. “Eles trocam esses alimentos naturais por produtos industrializados, como biscoito de arroz e torradas integrais, que passaram por um processo de refinamento. No fim, coloca-se um produto alimentício acima daquilo que a natureza já nos oferece“, alerta a especialista.

A importância dos alimentos in natura

Amanda reforça que o ideal é priorizar alimentos in natura ou minimamente processados.

A ideia não é restringir completamente, mas fazer escolhas equilibradas. Se um paciente quer consumir arroz branco, ele pode, desde que dentro da porção adequada e acompanhado de uma boa salada, por exemplo“, orienta.

Outro ponto que gera confusão é o consumo de queijos. Muitas vezes, pacientes acreditam que devem optar apenas pelo queijo branco, enquanto versões mais curadas, como a mussarela, também podem ser uma boa alternativa. “Queijos curados passam por um processo de fermentação que cria uma microbiota benéfica. Mas, infelizmente, ainda há muita desinformação e mitos em relação a esses alimentos“, acrescenta.

O impacto da indústria alimentícia

O maior problema, segundo Amanda, é que a indústria alimentícia tem um peso significativo nas escolhas alimentares. Muitos profissionais acabam incentivando o consumo de produtos industrializados sem considerar que o alimento natural pode ser uma opção melhor. “A terra nos devolve aquilo que plantamos, e isso precisa ser valorizado. Mas, muitas vezes, os pacientes são limitados ao que a indústria oferece, quando poderiam consumir de forma mais equilibrada“, destaca.

A especialista ressalta que a dieta de uma pessoa com diabetes não precisa ser baseada em restrições extremas, mas sim em equilíbrio e planejamento. “Pode comer aipim? Sim! Mas não dá para comer aipim, arroz e farofa no mesmo prato. Assim como pode comer fruta, desde que dentro da contagem de carboidratos. Tudo é questão de equilíbrio e escolha consciente“, finaliza Amanda.

Com informações embasadas e orientação profissional, é possível manter uma alimentação saudável, saborosa e segura para quem tem diabetes. O segredo está na moderação e na valorização dos alimentos naturais, sem cair em mitos que limitam mais do que ajudam.