Repórter e editor do portal Um Diabético. Escreve sobre saúde desde os tempos da faculdade de jornalismo. Para sugerir uma reportagem: redacao@umdiabetico.com.br
Foi em janeiro do ano passado que a advogada Luzia Santos descobriu o diagnóstico de diabetes tipo 1 do filho. Enzo, que hoje tem 7 anos de idade, tinha muita sede, muita fome e fazia muito xixi. “Percebi muitos sintomas diferentes e levei ao pronto socorro. O diagnóstico veio no mesmo dia e ele precisou ficar internado por 6 dias”, relembra a mãe.
Começava então um novo desafio na vida da família. Uma das primeiras medidas foi proibir que Enzo consumisse doces. A reação é muito comum.
Sheila Santos Oliveira, que é analista de sinistros, lembra que fez a mesma coisa com o filho Miguel, que teve o diagnóstico em 2019. “Doce era proibido, porque a gente não sabia lidar. Subia muito a glicemia e pra não passar esses apertos a gente evitava até ir em festas”, conta Sheila.
Com o tempo as duas mães descobriram outra realidade. Viram que as crianças com diabetes podem ter uma vida normal, desde que tomem alguns cuidados.
Enzo voltou a comer doce depois das consultas com nutricionista e endocrinologista. “Interessante que ele mesmo já tem a consciência daquilo que pode comer e quando pode. Nas festinhas de aniversário, por exemplo, é tudo liberado. Isso é para que ele não se sinta excluído e nem gere aversão ao tratamento”, conta Luzia que explica que em situações assim redobra a atenção aos índices de glicose no sangue.
A endocrinologista pediátrica Monica Gabbay ressalta que em vez de proibir doces o ideal é que toda família se envolva no tratamento: “É possível que essa criança tenha uma vida de criança. Ela vai para uma festinha, vai comer um brigadeiro, um pedaço de bolo. Mas pra isso é importante que toda a família esteja educada, que saiba a dose adequada de aplicação da insulina, por exemplo”. A médica diz que com o tempo todos conseguem lidar melhor com o diagnóstico de diabetes na infância. “O diabetes é uma situação que demanda educação. No consultório logo depois do diagnóstico a gente já ensina o que fazer quando a glicose tá alta, quando a glicose tá baixa. Depois de um tempo eles voltam sabendo tudo, é surpreendente”, comenta Monica.
Na casa da Sheila e do Miguel o aprendizado garantiu uma rotina muito mais leve. A consciência de todos permitiu até que as refeições do menino de 6 anos de idade tenham uma sobremesa. “Somos conscientes de que não pode haver exageros. Aqui a gente conta carboidratos e nada é proibido. Todo dia depois do almoço o Miguel pode comer um chocolate ou um picolé”, conclui a mãe.