O uso de corticoides, medicamentos usados para tratar condições como alergias, asma, doenças autoimunes e inflamações graves, pode trazer desafios significativos para quem convive com diabetes.
Embora esses remédios sejam eficazes na redução de inflamações e na supressão do sistema imunológico, eles também têm um efeito colateral importante: aumentam os níveis de glicose no sangue, complicando o controle do diabetes.
Como os corticoides influenciam os níveis de glicose
Os corticoides são hormônios que replicam os efeitos do cortisol, um hormônio natural que eleva a glicose no sangue em resposta ao estresse. Quando administrados, seja por via oral, injetável ou inalável, esses medicamentos estimulam o fígado a liberar mais glicose e diminuem a sensibilidade das células à insulina. Esse processo dificulta a absorção da glicose pelas células, resultando em uma elevação significativa dos níveis de açúcar no sangue.
Riscos para pessoas com diabetes
Para quem já lida com diabetes, especialmente o tipo 2, a elevação da glicose causada pelos corticoides pode ser difícil de controlar. Mesmo aqueles que mantinham a glicemia sob controle podem ver seus níveis subirem para patamares perigosos, como 400 ou 500 mg/dL, durante o tratamento com corticoides. Isso aumenta o risco de complicações graves, como a cetoacidose diabética, que pode ser fatal se não for tratada adequadamente.
Além disso, o uso de corticoides também pode desencadear o diabetes tipo 2 em pessoas que já possuem fatores de risco, como sobrepeso, sedentarismo e histórico familiar da doença. Durante a pandemia de Covid-19, por exemplo, muitos pacientes tratados com corticoides para casos graves acabaram desenvolvendo diabetes.
Como lidar com o uso de corticoides se você tem diabetes
Se você tem diabetes e precisa tomar corticoides, é essencial informar seu médico sobre sua condição. Isso permitirá ajustes no seu tratamento para minimizar os impactos na glicemia. A endocrinologista Denise Franco recomenda algumas medidas:
Ajustes na medicação: seu médico pode aumentar a dosagem de medicamentos orais como a metformina ou adicionar novos remédios ao seu tratamento. Para quem usa insulina, pode ser necessário ajustar a dose para compensar o aumento da glicose causado pelos corticoides.
Monitoramento frequente da glicemia: durante o uso de corticoides, é importante monitorar seus níveis de glicose com mais frequência para identificar rapidamente qualquer aumento e tomar as medidas necessárias.
Alimentação e hidratação adequadas: manter uma dieta equilibrada, rica em fibras, pode ajudar a controlar os picos de glicose. Beber bastante água também é importante para evitar a desidratação, que pode agravar a hiperglicemia.
Consultas regulares: durante o tratamento com corticoides, é importante ter consultas mais frequentes com seu endocrinologista para avaliar a eficácia das medidas adotadas e ajustar o tratamento conforme necessário.
Se, apesar dessas precauções, os níveis de glicose permanecerem elevados, com leituras constantes acima de 300 mg/dL, é fundamental procurar ajuda médica imediatamente. A hiperglicemia persistente pode exigir tratamentos mais intensivos, como a administração de insulina de ação rápida em um hospital, para evitar complicações graves.