A tecnologia é uma aliada; saiba quais são as perspectivas para uma possível cura da doença
Isabella Pedreira da Redação Um Diabético
O diabetes é uma doença crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Existem dois tipos principais de diabetes: tipo 1 e tipo 2. O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói as células produtoras de insulina no pâncreas. Já o diabetes tipo 2 ocorre quando o corpo não consegue produzir ou usar a insulina de maneira eficaz.
Embora o diabetes seja uma doença crônica e não tenha cura, recentemente, muitos estudos foram realizados para encontrar novos caminhos para que isso se torne uma possibilidade no futuro.
Diabetes tipo 1
Uma das abordagens mais promissoras é o uso de células-tronco. As células-tronco são células que têm a capacidade de se transformar em diferentes tipos de células do corpo, incluindo células produtoras de insulina. Vários estudos têm mostrado que o transplante de células-tronco pode ser uma maneira eficaz de tratar o diabetes tipo 1.
Outra abordagem para a cura do diabetes é o uso de terapia genética. A terapia genética envolve a modificação do DNA de uma pessoa para corrigir um problema genético subjacente. Um estudo de 2014 publicado na revista Science Translational Medicine mostrou que a terapia genética pode ser usada para curar o diabetes tipo 1 em camundongos. Os cientistas usaram a terapia genética para modificar as células do fígado para que produzissem insulina, o que ajudou a controlar a doença.
Principais desafios
No entanto, ainda há muitos desafios a serem superados antes que uma cura eficaz para o diabetes tipo 1 possa ser encontrada. Entre eles:
Complexidade da doença: o diabetes tipo 1 é uma doença complexa que envolve muitos mecanismos biológicos diferentes. Encontrar uma cura para a doença exigirá uma compreensão mais profunda desses mecanismos.
Imunologia: o diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, o que significa que o sistema imunológico ataca erroneamente as células produtoras de insulina. Encontrar uma cura eficaz para a doença exigirá uma melhor compreensão da imunologia envolvida.
Acesso às células-tronco: uma das principais abordagens para a cura do diabetes tipo 1 é a terapia com células-tronco. No entanto, ainda existem muitas questões a serem superadas em relação ao acesso a essas células e sua produção em grande escala.
Segurança e eficácia dos tratamentos: qualquer tratamento para o diabetes tipo 1 deve ser seguro e eficaz. É necessário realizar estudos clínicos rigorosos para garantir que os tratamentos sejam seguros e eficazes antes de serem amplamente utilizados.
Custo: Encontrar uma cura eficaz para a doença pode ser um grande avanço na melhoria da qualidade de vida dos pacientes, mas o custo dos tratamentos pode ser um grande obstáculo para o acesso.
Em um bate a papo ao vivo no canal Um Diabético no YouTube, o endocrinologista Rodrigo Siqueira falou sobre o estudo clínico da cura do diabetes tipo 1. Mencionou que existem diversos estudos em andamento, mas que é preciso ser cauteloso e realista em relação aos resultados. “O estudo clínico da cura do diabetes tipo 1 é uma questão muito complexa e ainda não existe uma cura definitiva para a doença“, alertou. Ele ressaltou que a maioria dos estudos busca melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir a necessidade de medicamentos e insulina. O endocrinologista também afirmou que é necessário ter paciência e continuar investindo em pesquisas para avançar em direção à cura do diabetes tipo 1. O médico também destacou a importância de uma abordagem multidisciplinar, que envolva diversas áreas da medicina e da ciência para alcançar esse objetivo.
Diabetes tipo 2
O diabetes tipo 2 é uma doença metabólica crônica que pode ser causada por vários fatores, incluindo estilo de vida e genética. Nesse caso, uma abordagem importante é a mudança de estilo de vida. Muitos estudos mostraram que a perda de peso, uma dieta saudável e a prática regular de exercícios podem ajudar a controlar o diabetes tipo 2. Um estudo recente publicado no Journal of the American Medical Association mostrou que a dieta mediterrânea pode ser uma opção eficaz de tratamento para pessoas com diabetes tipo 2. A dieta mediterrânea é rica em frutas, legumes, grãos integrais, nozes, sementes e azeite de oliva, e limita a ingestão de carne vermelha, açúcar e alimentos processados. Mas ainda há esperança! A medicina segue trabalhando em estudos genéticos que investigam como os genes podem contribuir para o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e como as variações genéticas podem influenciar a resposta ao tratamento. Além disso, a evolução da tecnologia também se torna uma aliada, como por exemplo a monitorização contínua de glicose e o pâncreas artificial. As células-tronco também aparecem nesse caso. Alguns estudos, como por exemplo o “Transplantation of insulin-producing cells derived from umbilical cord mesenchymal stem cells for the treatment of streptozotocin-induced diabetic rats” – Publicado em 2019 no Stem Cell Research & Therapy, demonstram que o transplante de células produtoras de insulina derivadas de células-tronco mesenquimais do cordão umbilical em ratos com diabetes (induzido por estreptozotocina) foi capaz de reduzir significativamente os níveis de açúcar no sangue.
No entanto, a cura efetiva do diabetes tipo 2 ainda é um desafio, por ser uma doença diversa, ou seja, é multifatorial e heterogênea, o que significa que as causas e sintomas variam de pessoa para pessoa. Algumas podem apresentar comorbidades junto ao diagnóstico, por exemplo. Isso torna difícil encontrar uma solução única para todos os pacientes.
Em resumo O caminho para a cura ainda é longo, mas há esperança! Durante a Live, Denise Franco e Rodrigo Siqueira, endocrinologistas, explicaram as fases de estudos clínicos e qual é a importância de seguir esse protocolo. “Antes de chegar ao mercado, os medicamentos passam por uma série de fases. A fase 1 é a fase de segurança, que é realizada com poucos pacientes, em geral, menos de 100. Nessa fase, a ideia é avaliar a segurança do medicamento, a toxicidade, se ele causa algum problema para o paciente. Na fase 2, o número de pacientes é um pouco maior, geralmente de algumas centenas, e já se começa a avaliar a eficácia do medicamento. E, na fase 3, já se avalia o medicamento em um número maior de pacientes, geralmente em milhares de pacientes, para confirmar se ele é eficaz e seguro.” O Dr. Rodrigo também ressaltou que essas fases são muito importantes para garantir a segurança e eficácia dos tratamentos e estimou que em cerca de 5 a 10 anos, se tudo correr bem, podemos ter uma cura para o diabetes.