Beber leite de vaca na infância aumenta risco de diabetes?

Alimentação

Maurílio Goeldner

Repórter e editor do portal Um Diabético. Escreve sobre saúde desde os tempos da faculdade de jornalismo. Para sugerir uma reportagem: redacao@umdiabetico.com.br

O leite de vaca está no centro de uma discussão. Médicos e pesquisadores que estudam o diabetes em todo o mundo assistiram a apresentação da médica sueca Anna-Maria Lampousi, durante encontro realizado na Alemanha. Ela desenvolve a tese de que beber mais de dois ou três copos de leite de vaca por dia na infância está relacionado a maiores chances de desenvolver diabetes tipo 1. A endocrinologista pediátrica brasileira Mônica Gabbay participou da explanação. “O estudo envolveu crianças com idades entre seis e quinze anos, filhos de pai ou mãe com diabetes e que tinham geneticamente risco pra diabetes tipo um. Os pesquisadores observaram que essas crianças que eram expostas ao leite de vaca comparada ao leite materno apresentavam neste grupo de risco maior tendência dos anticorpos progredirem e abriu um diagnóstico de diabetes tipo um”, explica ela.

Segundo a pesquisadora sueca bebês que foram amamentados exclusivamente ou por mais tempo tiveram menos propensão a desenvolver diabetes.

Com isso, os pesquisadores afirmam que a amamentação promove o amadurecimento do sistema imunológico do bebê. Além disso, o leite materno melhora a microbiota intestinal do bebê, que são as bactérias, fungos e outros microorganismos que vivem no trato digestivo e ajudam a regular o sistema imunológico. “Apesar de bastante controverso os dados mostram um lado positivo do uso do leite materno”, destaca Mônica Gabbay.

Quantidades

O consumo de leite de vaca e produtos lácteos como manteiga, queijo, iogurte e sorvete levou a um maior risco de autoimunidade das ilhotas e consequentemente o desenvolvimento do diabetes do tipo 1. “Quem bebeu pelo menos dois a três copos de leite de vaca por dia teve 78% mais chances de desenvolver diabetes do que aqueles que consumiram menos do que essa quantidade de leite”, explica a pesquisadora.

Os dados se referem a crianças com pré-disposição genética. O que desencadeia o ataque do sistema imunológico ainda é desconhecido, mas a hipótese envolve envolva uma combinação de uma predisposição genética e um gatilho ambiental, como um vírus ou alimento.