A pequena Maria Isabel, mais conhecida como Bebel, filha de Milena Corrêa, uma médica nefrologista de 37 anos e mãe de quatro filhos foi diagnosticada com diabetes tipo 1 aos três meses de vida, uma forma rara e não autoimune da doença.
Em entrevista com o portal Um Diabético, Milena relatou que Maria Isabel nasceu saudável e com todos os exames normais. No entanto, aos três meses, ela começou a apresentar sintomas semelhantes a uma bronquiolite, com respiração ofegante e cansaço extremo. Após várias visitas ao pronto-socorro, a situação se agravou, culminando em um episódio de coma causado por uma cetoacidose diabética, uma complicação grave da doença.
“Quando finalmente mediram a glicose dela, estava tão alta que não conseguia ser medida pelas máquinas convencionais. Foi um choque descobrir que ela tinha diabetes aos três meses,” conta Milena.
Maria Isabel passou um mês internada na UTI, onde foi introduzida ao uso de uma bomba de insulina para melhor controle glicêmico. Milena destaca a importância da tecnologia na gestão do diabetes de sua filha:
“A bomba de insulina e o monitoramento contínuo da glicose foram fundamentais. Não consigo imaginar como seria sem esses recursos.”
Os primeiros meses após o diagnóstico foram desafiadores. Ajustar a glicemia de Maria Isabel, especialmente durante a introdução alimentar, foi uma tarefa árdua. A mãe explica que, devido à pouca idade, qualquer dose a mais de insulina causava hipoglicemia, e qualquer dose a menos resultava em hiperglicemia.
“A introdução alimentar, que começou aos seis meses, foi um desafio enorme. Cada nova comida era uma incógnita e ajustar a insulina foi extremamente difícil,” lembra Milena.
A família teve que aprender a lidar com os altos e baixos do diabetes enquanto tentava manter a vida o mais normal possível para Bebel e seus irmãos. Milena destaca o apoio que encontrou nas redes sociais, onde outras mães compartilharam suas experiências e soluções práticas:
“A rede social me deu um norte. Vi outras pessoas vivendo bem com diabetes, o que me ajudou a aceitar e lidar com o diagnóstico.”
Desafios e esperanças
Hoje, com dois anos e seis meses, Bebel leva uma vida mais leve, graças ao suporte da família e das tecnologias disponíveis. Milena acredita que a experiência compartilhada nas redes sociais foi essencial para encontrar um caminho positivo:
“Ver outras crianças e adultos vivendo bem com diabetes me fez perceber que não era uma sentença. Existem muitos diabéticos saudáveis que levam vidas normais.”
Imagem/Reprodução: Arquivo Pessoal
A adaptação de Maria Isabel à escola foi outro grande marco. Inicialmente, Milena se preocupou com como seria o controle glicêmico na escola, mas a equipe de nutrição se mostrou dedicada a aprender e a colaborar:
“A equipe de nutrição da escola foi incrível. Aprenderam a contar carboidratos, a usar a bomba de insulina e a monitorar a glicose dela. Isso fez toda a diferença para a adaptação da Bebel na escola.”
Milena também destaca a importância de explicar a situação para Maria Isabel de uma forma positiva:
“Sempre expliquei para ela e para os irmãos que a bomba de insulina era um ‘remedinho’ que ela precisava para ficar forte. Isso ajudou a normalizar a situação e a evitar que ela se sentisse diferente ou excluída.”
Monitorização do diabetes sozinha
No caminho da autonomia e aceitação do diabetes, Maria Isabel, apesar de sua pouca idade, já demonstra independência ao medir a própria glicemia. Milena conta com orgulho como a filha aprendeu a realizar essa tarefa essencial:
“Desde que completou dois anos, Bebel se interessou pelo processo e quis fazer sozinha. Eu lembro das primeiras vezes que ela tentou, apertando o aparelhinho sem sucesso, mas eu deixava ela brincar e se familiarizar. Antes de completar dois anos, ela já conseguia medir a glicemia sozinha. Lembro que chorei de emoção quando a vi fazendo isso pela primeira vez, rindo e brincando. Isso não só nos dá mais segurança como também a faz sentir-se no controle de sua própria saúde. Agora, ela mesma pega o aparelho, limpa o dedinho e faz a medição com um sorriso no rosto. Ver esse progresso me fez perceber que o sofrimento por antecipação muitas vezes não se justifica.”
Conheça mais sobre a história de Bebel assistindo o vídeo abaixo: