A atleta mirim com diabetes tipo 1, Manuela Andrade, de 12 anos, foi impedida de utilizar seu sensor de monitoramento de glicose durante uma luta de MMA no evento Thunder Fight, realizado ontem (24).
Manuela, que convive com a doença desde 2022, teve que retirar o sensor antes de subir ao ringue. O equipamento, essencial para o controle em tempo real da glicemia, foi considerado uma “ameaça” à segurança durante o combate, segundo os organizadores.
“O argumento foi que nessa modalidade não pode haver nada no corpo que coloque em risco sua vida ou do oponente, porém o Libre não se enquadra”, afirmou a mãe da jovem, que acompanha de perto sua trajetória no esporte e administra o perfil @manutipounica, em que compartilha desafios e conquistas da filha.
Para a família, o episódio foi um grande golpe emocional. “Já achei absurdo o árbitro ficar ‘debatendo’ com ela, mas me cortou o coração ver minha filha indo pra luta com os olhos cheios de água e desconcentrada por ter que retirar o sensor”, desabafou a mãe.
Em entrevista, Manuela Andrade relatou o impacto da decisão dos organizadores e o momento tenso antes da luta.
“Eu já tinha lutado uma vez nesse evento, mas foi kickboxing, e não tiveram problema nenhum com isso. No MMA, eles disseram que as regras eram diferentes e que não poderia ter nada colado ao corpo que oferecesse risco ao atleta ou ao adversário. Obviamente, o Libre não oferece risco nenhum, mas tudo bem”, afirmou a atleta mirim.
Ela contou que os organizadores não foram previamente informados sobre sua condição, mas que o pedido do link do Instagram na ficha de inscrição permitiria que soubessem. “Se eles entrassem no meu Instagram, a primeira coisa que iriam ver é sobre meu diabetes”.
Durante o embate com a arbitragem, Manuela tentou argumentar. “Falei que não atrapalha em nada, nem na pegada. Até dei o braço para o árbitro testar, e ele colocou a mão, mas depois se perdeu e perguntou para uma outra juíza. Ela foi super áspera e disse que eu teria que tirar o sensor ou desistir da luta”, contou.
Crédito: Reprodução/Redes Sociais
A atleta também mencionou o impacto emocional da decisão. “Isso me desconcentrou para caramba. Pensei no valor do Libre, o quanto é difícil conseguir um. Eu estava no primeiro dia com ele. Meu professor consultou meu pai, e ele disse que, se eu quisesse lutar, que eu tirasse. Mas isso não adiantou muito. Tanto que entrei no octógono com os olhos cheios de lágrimas”, revelou.
Manuela, que já competiu em sete lutas de Jiu-Jitsu e Muay Thai, ressaltou que nunca teve problemas com o uso do sensor em outras modalidades. “Jiu-Jitsu tem muito mais pegadas, e normalmente ninguém percebe por causa do kimono. Mas nada que atrapalhe”, pontuou.
Atleta com diabetes conta que próxima luta está marcada
Para evitar situações semelhantes, a família buscou contato antecipado com a próxima organização de MMA em que Manuela lutará. “A gente falou com o pessoal do evento e já está liberado. O dono do evento nos encaminhou para a comissão atlética, e o responsável, que tem bastante conhecimento sobre diabetes, entendeu a situação e autorizou”, contou a jovem.
O portal ‘Um Diabético’ entrou em contato com a organização do evento e aguarda retorno.